17 de outubro de 2018
Na última década, a globalização intensificada e seus reflexos culturais, políticos e socioeconômicos ocuparam o cenário mundial, no qual distâncias diminuíram e fronteiras se dissiparam, amalgamando diversidades e filtrando-as por um só funil. Hoje, contudo, o movimento é outro, e a globalização compete lugar com a internacionalização.
O discernimento desses conceitos revela uma tendência contemporânea, ainda que lenta e truncada, de assimilação de individualidades, entendendo-as como parte de um coletivo a ser compreendido e compartilhado.
Isso é o que a trajetória transversal de Luciano Drehmer tem a provar: ele é brasileiro com descendência alemã, formado em Design pelo IED, treinado por designers italianos e paulistanos e, atualmente, contribui com americanos e russos trabalhando na China.
Em 2005, atraído pelo caráter internacional e metodologia de ensino, Luciano iniciou seus estudos em Design no IED São Paulo, onde, com apenas 24 anos, passou de aluno a professor após concluir a graduação. Além da carreira acadêmica, logo assumiu a própria agência e colaborou em outras, realizando trabalhos para empresas como Nike, Carrefour, GQ Magazine e Rolling Stones.
Passados treze anos na indústria do design brasileiro, ele desembarcou na Ásia com o intuito de “conhecer o continente que abriga a maior parte da população do planeta e para onde caminha o futuro da humanidade e as vanguardas da tecnologia”, afirma. E na expectativa de vivenciar as diferenças hemisféricas que já carregava em seu imaginário, migrou para o Vale do Silício asiático.
Na China, por exemplo, as diferenças políticas e culturais entre o país e o Brasil são explícitas em diversos âmbitos, dos quais Drehmer cita a base de valores filosóficos e religiosos: “Nós somos Platão/Cristãos, e eles, Confucionistas/Taoístas”. E esse contraste não cabe apenas ao domínio em que o tema é tratado, mas reflete em como ele tinha de lidar com o design, “desde a escolha das cores à quantidade e distribuição de informações em um layout”.
Luciano lembra da imagem que o IED lhe apresentou acerca do design, trazendo-o como ferramenta não só mercadológica, mas também política. Somadas a esse entendimento, as novas perspectivas que obteve ao longo de seu percurso plural, principalmente no lado oposto do globo, transformaram sua visão sobre o ser humano e os valores inerentes a ele, o que lhe causou uma percepção do outro por meio de uma reciclagem intelectual, “reaprendendo coisas do zero e reintroduzindo no ocidente”.
Quando perguntado sobre o trabalho mais relevante – ou desafiador – que realizou, o destaque fica para o redesign da Global Store Amazon China:
“Tive que desenhar sozinho uma família de caracteres chineses sem saber exatamente o que eles significavam. Foi uma avalanche de aprendizado, pois, enquanto eu desenhava, aprendia sobre o sistema de escrita chinês e o que aqueles ideogramas significavam – transformador”.
Atualmente, Drehmer integra à Jackalope, agência de consultoria em design e marketing, onde utiliza de sua experiência internacional para continuar a abrir novos caminhos, valendo-se do deslocamento, reflexão e respeito ao estranho para desconstruir crenças e pensar diferente – “o choque cultural é de alta importância nesse sentido: aumenta a percepção, trás inspiração e gera ideias”.
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