Conheça o designer estratégico que criou chave “anti” motorista embriagado

11 de setembro de 2015

Chico Adellano, ex-aluno da Pós em Design Estratégico e Inovação do IED São Paulo, revela detalhes exclusivos sobre a chave que será lançada pela Fiat com uma espécie de bafômetro

A indústria automobilística já percebeu que precisa se reinventar para comportar um novo momento do mercado, com consumidores mais exigentes e conscientes. A Fiat, em parceria com as agências Isobar Brasil e D3, resolveu inovar a partir da Safe Key, um dispositivo inserido dentro da chave do carro e que mede o teor alcoólico presente no sangue do motorista. Caso a embriaguez seja identificada, a chave simplesmente impede o carro de funcionar.

A combinação entre marketing e tecnologia foi coordenada por Chico Adellano, Creative Tecnologist da Isobar Brasil, e envolveu uma série de etapas – que você pode conferir na entrevista a seguir. A ideia foi finalista na premiação de inovação do Cannes Lios – Festival Internacional de Criatividade, mas a chave ainda não tem data definida para ser comercializada. (Assista ao vídeo de divulgação).

IED São Paulo: A ideia de desenvolver um dispositivo que detecte níveis de ingestão de álcool partiu da equipe da Isobar Brasil, da indústria automobilística ou de pesquisas de mercado?

Chico Adelano: A ideia surgiu do cotidiano da Isobar e da Fiat. Somos seus fornecedores de experiência digital e inovação, e observamos constantemente  as necessidades do mercado.

Como Creative Technologist meu papel é reconhecer o potencial e viabilidade dessas ideias e aí a transformamos em projeto.

IED-SP:  Como foi o processo de desenvolvimento do Safe Key?

C.A.: Foram duas frentes de trabalho, envolvendo a Fiat, a Isobar e a D3, fornecedor que convidamos como parceiro.

A primeira focada na viabilidade técnica e em prototipagem eletrônica. Foram experimentados muitos recursos do mercado, mas no final foi preciso hackear muitos componentes e o sistema operacional para ter resultado. As principais conquistas foram o baixo consumo de bateria, a rapidez da detecção de álcool e a auto-esterelização da chave.

A segunda foi focada em design de produto. Foram muitas sketches e impressões 3D para testes de volumetria e ergonomia. Por fim, o protótipo foi usinado à mão em alumínio.

IED-SP:  Atualmente, a eficiência do Safe Key pode ser burlada pelos usuários, que podem pedir para pessoas não alcoolizadas assoprarem o detector. Você acredita que é possível criar modelos impossíveis de serem burlados?

C.A.: Sobretudo, a chave é uma ferramenta de conscientização e abre um debate importante com a sociedade. Observamos as pessoas e ouvimos inúmeras formas de burlar o modelo. Mas nossos maiores apelos são a segurança que ela reforça, a questão da responsabilidade que se assume quando se desrespeita a lei e o risco de se expor a consequências que podem ser irreparáveis.

Queremos cooperar com as pessoas, e acredito que ele será bem aceita entre os que reconhecem esse valor.

IED-SP:  Em sua opinião, a Fiat e outras montadoras tendem a lançar o Safe Key ou produtos semelhantes que auxiliem a prevenção da direção segura e livre de álcool? 

C.A.: Existem outros cases de dispositivos com a mesma intenção, além de outros objetos inteligentes ligados ao carro. O público está mudando, e a tendência é as marcas dessa indústria aprenderem a entregar mobilidade e serviço e não atuar apenas como montadora de veículos.

Ainda estamos fazendo a transição do protótipo para o modelo em escala industrial, e não sabemos qual será a sua abrangência. O que entendemos é que a solução de Safe Key é aplicável a todos os mercados.

IED-SP: Como funciona a interação de diversas empresas no processo de criação tecnológica?

C.A.: Cooperamos mutualmente nos esforços para viabilizar ideias, mas utilizamos muito mais de cultura hacker para conseguir executar as coisas em tempo curto. Nossa equipe é multidisciplinar, designers e developers trabalham juntos em pesquisa de recursos de alta complexidade.

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