Estudantes exploram Fabricação Digital em Fab Lab: “é outro mundo que se abre”

3 de junho de 2016

Quando começou a estudar Design de Moda, há menos de dois anos, Cláudio Ferreira provavelmente não imaginava o quanto a tecnologia poderia ajudá-lo a produzir roupas. Porém, um novo leque de opções surgiu desde que ele e seus colegas começaram a frequentar as aulas de Fabricação Digital no Garagem Fab Lab.

Fruto de uma parceria entre a faculdade e o laboratório/ oficina localizado na Barra Funda, a novidade faz parte grade curricular das turmas de Graduação do IED São Paulo desde o início do ano. Uma disciplina conectada a conceitos como Design Colaborativo, Cultura Maker e Do it Yourself (DIY).

Segundo Carolina Cardoso, professora do IED-SP e diretora executiva do Garagem, a disciplina não se limita à fabricação digital e muito menos ao resultado final – o foco está no processo. “Aqui falamos sobre Open Source, que é o conhecimento aberto, sobre hardware e software livres, e também sobre design colaborativo, que é o foco do fab lab”, explica.

“Eu penso muito em fazer acessórios e sapatos em 3D. Quero produzir as peças inteiras mesmo, mas também penso em termos de detalhes e fragmentos” – Claudio Ferreira, 3º semestre de Design de Moda

A iniciativa coincide com um movimento de democratização ao acesso da projeção e fabricação pessoal e colaborativa. Algumas capitais brasileiras, como São Paulo, já possuem Fab Labs públicos onde as pessoas podem frequentar e realizar experiências. O alto custo de equipamentos como impressora 3D e frisadora ainda dificulta a aderência desses equipamentos em faculdades, empresas e agências.

“O objetivo desse espaço (Garagem Fab Lab) é justamente dar acesso a estudantes, profissionais, interessados e toda a comunidade para que todos possam utilizar essas ferramentas. Nem todo mundo tem condição de ter uma impressora 3D em casa, que é a nossa máquina mais barata”, argumenta Carolina.

Os alunos do IED-SP são convidados a utilizar os equipamentos não apenas durante a faculdade, mas também em seus projetos profissionais e pessoais. É o caso de Stefano Leggieri, recém-formado em Design de Produto, que está criando uma coleção de acessórios da sua marca, a Leggieri Design, nas dependências do Fab Lab.

“É um outro mundo que se abre; um outro mundo que talvez eu não decida explorar, mas que também tem possibilidades infinitas” – Fernanda Grizzo, 4º semestre de Design de Joias e Acessórios

Leggieri conta que sua produção é muito mais eficiente e rápida através dos processos de fabricação digital: “Se eu tivesse que cortar e dar acabamento em todas as peças manualmente não conseguiria terminar tudo dentro do prazo”.

A variedade de materiais também é outra vantagem percebida pela aluna de Design de Moda Luiza Estevez. “Com a máquina laser é possível inserir peças e detalhes feitos com materiais diferentes e difíceis de manipular, como acrílico e madeira”, exemplifica.

Para realizar os projetos, criar protótipos e operar os equipamentos, os alunos são estimulados a interagir com programas específicos, como o Rhinocerus 3D. “Acho que todo esse conhecimento vem de encontro ao momento tecnológico que vivemos”, afirma Claudio.

“Nossa intenção é que eles consigam extrapolar essa disciplina para suas próprias áreas do design: seja produto, gráfico, moda ou joalheria e acessórios” – Carolina Cardoso, professora

A interdisciplinaridade também é fundamental para o sucesso do programa. Afinal, o design colaborativo pressupõe a interação de diferentes áreas e interesses. “Nossa primeira tarefa foi dividir os alunos nos grupos mais diversos possíveis em termos de disciplinas e conhecimentos sobre ferramentas”, diz Carolina.

Fernanda Grizzo reforça a ideia de que, com essas técnicas, é possível fazer milhões de coisas que você não conseguiria realizar manualmente. “Essas ferramentas alteram tudo na forma de pensar, produzir e também no custo”.

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Fotos: Vitor Gracia

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