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A Revolução do Design na Design Week de NYC

29 de maio de 2017

Na última semana, nosso diretor-geral Victor Megido esteve na Design Week de Nova Iorque falando sobre a Revolução do Design. Confira abaixo um extrato dos pensamentos que ele levou para a mostra:

 

* por Victor Megido

 

Vivemos uma grande convergência dos segmentos no mercado e na indústria. Precisaremos amanhã de um designer com visão mais ampla. Por exemplo, o sistema de moda pede mais tecnologia e ambientação, os designers de produto são chamados para desafios na área de interação do homem com as máquinas, os designers de interiores são chamados para desenvolver produtos e serviços. Todos deverão lidar com a revolução digital, projetando para resguardar as pessoas, o ambiente e as empresas.

 

Fala-se pouco no país sobre esta profissão. Existe um grande mal-entendido sobre o que é e o que deve oferecer o design. A minha visão, compartilhada com os amigos de caminhada, é que design sempre foi e sempre será “projeto” – pensado para gerar valor para a sociedade e cidadania.

 

DESIGN é projeto, logo, para ser um designer, não se pode improvisar. É uma profissão séria, envolve o bem-estar do ser humano, negócios e retorno sobre investimentos, portanto, é algo muito mais sério do que se diz por aí.
Já presenciei discussões entre pais e filhos, onde o pai insiste para que o filho faça qualquer outra disciplina mais “séria”.
Escrevemos então um livro sobre a revolução do design.
Acreditamos que a revolução é redesenhar esse futuro que pertence ao homem, à natureza, aos seres vivos deste planeta. E isso não se improvisa. Acredito que o ensino seja fundamental para que o profissional esteja apto aos desafios deste novo século: serviços, nova economia, digitalização e sustentabilidade.

Na Revolução do Design, à lógica do mercado precisamos embutir a lógica da humanidade. E isso precisa ser ensinado. Este profissional deve saber projetar com sustentabilidade.

No futuro teremos sempre mais objetos inteligentes. Portanto devemos nos preocupar em ter também sempre mais seres humanos com inteligência criativa.
Eu costumo ser categórico com certas questões. A minha crença é que no século XXI agonizam práticas como RTs, BVs, fees de mídia, alvarás, privilégios, despachantes, consultorias e agências das mesmices. Ou seja, qualquer modelo de reserva de mercado chegará a seu fim. E os jovens/profissionais devem se preparar para isso. Não creio que o caminho seja obrigar ninguém ao estudo, ao certificado. O mercado escolherá, trabalharão os mais aptos a este novo mundo. Assim sempre foi!

O que nos interessa, como instituição de ensino, é o fomento da cultura do design neste país, e deixar claro que este assunto é sério e digno. Quando falamos de design, falamos de projetos pensados por pessoas que buscam oferecer bem-estar para outras pessoas, buscam gerar ambientes harmônicos, dentro dos limites da felicidade humana possível e razoável.

Design humaniza, longe de ser objeto, logotipo ou rótulo. Faz-se estratégico nos negócios que “surfam” a atual mudança de paradigma. É área de conhecimento universal e específica, relacionada à pesquisa, gestão, projetação, construção, produção e acompanhamento de todo o ciclo de vida de produtos, serviços e ambientes. Está aberto para as mais variadas indústrias – da moda aos transportes; da sinalização e mobiliário urbano às tecnologias da informação e da comunicação; das fachadas aos interiores; do maquinário industrial às embalagens; dos livros e peças gráficas às interfaces digitais; dos esportes de competição ao lazer; dos objetos de uso diário ao que precisa ser inventado, dentre outras tantas possibilidades, tangíveis e intangíveis, que o rico universo do Design contempla.

Essa atuação abrange todos os pilares da economia, seja na iniciativa privada, no setor público ou no terceiro setor, onde houver oportunidades, demandas e necessidades de inteligências criativas.

De fato, entramos na era das inteligências criativas. Para alguns, são tempos líquidos, para outros estamos na era pós-industrial. Diversos estudos indicam que cerca de 60% das profissões do futuro próximo ainda não existem. Estudos que sinalizam como fundamental não somente ter ambição, mas também valores morais e éticos, saber introduzir o novo à rotina, saber despertar a curiosidade e saber adaptar-se aos contextos.

Privilegiar exclusivamente a profissionalização dos estudantes significa perder de vista a dimensão universal da educação: nenhuma profissão poderá ser exercida na prática, com competência, se antes não houver entendimento do saber e uma formação cultural mais ampla, que possa encorajar os discentes a cultivar autonomamente o próprio espírito e dar livre curso à curiosidade. No século XXI, mais do que nunca, coincidir o ser humano exclusivamente com a sua profissão será um erro grave, pois, em todo homem – sobretudo agora que isso é permitido –, existe algo de essencial que vai além da própria profissão e que precisa emergir.
A ruptura é gerar uma dimensão pedagógica distante das formas de utilitarismo, distante dos “ismos”, para imaginar um futuro feito por cidadãos capazes de abandonar o próprio egoísmo.

Queremos um design dialógico, uma proposta sinérgica com os mundos da engenharia, economia, arquitetura, marketing e outras disciplinas.
A nossa visão, alinhada com a visão das escolas mais avançadas do mundo, é que não se trata de criar mais uma cadeira, e sim de pensar em quem vai usá-la, onde, qual material idôneo para reduzir impacto socioambiental, a logística, seus usos e fins, para que, depois de ser cadeira, passe a ser outra coisa, útil para a própria pessoa, ou para outras pessoas. Lixo vira luxo. Junto ao ato de comprar, estimulamos também o ato de doar.

Esse assunto não pode ficar no improviso, e merece estudo sim, merece dedicação. As revistas podem gerar opinião, porém é na escola que aprende-se o design.
Cito sempre Tucker Viemeister, um dos pais do design americano, que encontrarei agora em NY durante a Design Week. Ele nos incita à mudança quando escreve que “a educação em Design está em fluxo por três razões”:

1. O papel do designer profissional está mudando;
2. A natureza do trabalho, em geral, está mudando;
3. O mundo está mudando.

Design se torna, então, um caminho para reduzir atritos, dissonâncias cognitivas, e, reitero, se aplica a indústrias, agronegócio, arranjos produtivos, cidades, marcas, serviços, espaços, sistemas de mobilidade, objetos.

Design, mais que impor imagens, totens e tabus, gera serviços, conexões e redes de encontros para fomentar sonhos possíveis. Possibilita novos empreendimentos, facilita a inserção de novas ideias na sociedade, viabiliza futuros captando recursos de formas diferentes, mais horizontais, com transparência.

Termina o departamento de design, agora design é comportamento. E todos nós, designers ou não de profissão, podemos assumir uma atitude empática, dialógica, dinâmica, flexível, criativa. O cliente agradece. E ninguém nos obriga.
A mãe do design é a curiosidade pelo ser humano.
O Brasil precisa de mais designers e projetistas para que possa ser transformado.
Essa é a reflexão que levo para um bate papo em NY! Viva o Design!

 

 

* Victor Megido é professor e diretor geral do Istituto Europeo di Design – IED Brasil, com sedes em São Paulo e Rio de Janeiro. 


Camilla Carvalho
É jornalista e especialista em redes sociais. Trabalha como produtora de conteúdo, é content hunter do IED São Paulo e fundadora do www.mademoiselleparis.com.br. Instagram: @mademoiselleparis

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