16 de janeiro de 2019
Por Rafael Toledo, Service Designer e Coordenador Interino do Curso de Design de Produtos e Serviços do IED
Orientar, num mundo tão desorientado como esse, é uma missão bem difícil. Ainda mais orientar um trabalho com tanto peso e estigma, como é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
No entanto, percebo que o Istituto Europeo di Design (IED) tem preparado seus alunos de Design de Produtos e Serviços para uma questão mais importante do que o desenvolvimento de um TCC. Os alunos são preparados para se conhecerem e, principalmente, para compreenderem que o mercado de trabalho será construído a partir de seus empreendimentos, assumindo assim uma postura propositiva frente ao mundo.
Tivemos duas turmas de formandos nesse ano: a do meio do ano (que chamamos de 2018.1) e a de final do ano (2018.2), e doze trabalhos destes foram selecionados e apresentados na 14ª edição do APRITI por seu excelente desempenho acadêmico.
Aproveitei para organizar os trabalhos em alguns eixos temáticos, a fim de apresentá-los de forma mais clara.
A marca como empreendimento
Duas marcas com propósito e muito potencial nasceram neste ano: a misci, de Airon Martin, e o Queer Studio, de Ricardo Abbruzzini. O neologismo misci vem de miscigenação e este é o tema da primeira coleção de Martin, a Human Race, que foi apresentada como resultado de seu TCC.
Por sua vez, Abbruzzini, que desenvolveu uma marca para disseminar a cultura do universo LGBTQ, criou um armário-luminária. Quando aberto, mostra grades de neon. É uma metáfora simples e elegante do momento mais complexo da vida de um@ LGBTQ, que é sair do armário.
A emergência de questões sociais
Vitória Isberner apresenta Adela, um aplicativo que auxilia as mulheres a conciliarem as diversas tarefas de seu cotidiano, equalizando suas questões pessoais e profissionais. Isberner ficou extremamente sensibilizada ao descobrir a dificuldade que as mulheres que saem de licença maternidade têm para se reinserirem no mercado de trabalho.
Eric Spada desenvolveu o H.A.A.C (Hand Assistance Car Control), que é um artefato simples e de baixo custo e tem a função de auxiliar cadeirantes a dirigirem carros de forma muito mais fácil.
A paixão como design
Hugo Cafasso sempre foi apaixonado por dinossauros, a ponto de criar um networking com paleontólogos do mundo todo. Cafasso sempre se dedicou à modelagem tridimensional e, a partir do exímio domínio dos softwares 3D, projetou uma linha de dinossauros colecionáveis de acordo com as recomendações dos especialistas.
Elie Maltz é apaixonado por carros e pela marca Tesla e foi isso que o moveu a realizar um profundo trabalho de pesquisa e de design estratégico sobre a Tesla para propor um Citycar que se enquadrasse no lineup de lançamentos da marca para os próximos anos.
André Souza tem paixão por fotografias e, com o aparelho eletrônico Etern, quis eternizar momentos das pessoas em um porta-retrato digital que seleciona as dez melhores fotos de seu álbum.
Camila Cukierman adora maquiagens e sofria quando viajava – pois sua mala ficava gigantesca. Isto a motivou a projetar uma linha de embalagens com encaixes extremamente inovadores. Além do projeto, Camila criou a marca das embalagens e as posicionou como parte da linha de produtos da Natura.
O novo mundo compartilhado
Mariana Negrão sempre apresentou durante o curso uma real preocupação com a sustentabilidade. Em seu TCC, desenvolveu o Urihi, uma espécie de coworking que incentiva a sustentabilidade e o comércio justo.
Bruno Cassapulas, por sua vez, já tinha a Pivo, uma rede de comércio justo, porém queria fazer melhorias. Aplicando a abordagem do Design de Serviços, Bruno testou e refinou soluções, até colocar um Mínimo Produto Viável (MVP) no ar.
A reflexão sobre o fazer do design
Bruna França sempre surpreendeu os professores com a profundidade das pesquisas realizadas e, especialmente, com sua característica reflexiva. Ela apresentou o trabalho Design e Ação que, a partir da reflexão sobre as práticas teatrais, informou o método do design e propôs uma nova abordagem: o terceiro diamante do design.
A experiência e o processo
Matheus deVitto é um apaixonado por cerâmica. Em seu TCC, ele apresentou um processo de criação bastante profundo, que foi informado por suas crenças religiosas e pela figura de Exú. A partir de pesquisar profundamente as diferentes representações de Exú, Matheus encontrou os buracos da cidade – visto que, para o designer, Exú é a boca do mundo – como metáfora para tornar tangível, por meio da cerâmica, essas representações.
O resultado desses trabalhos mostra a coerência e a potência dos alunos recém-formados no IED. Estendo os créditos aos outros orientadores: Carla Link, Felipe Garcia, Henrique Stabile e Rodrigo Vilalba. E, obviamente, parabéns aos formandos!
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