5 de novembro de 2019
Estréia na sexta-feira dia 8 de novembro a exposição Força Precisão Leveza | aço e criação artística, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A mostra surge da parceria do IED Rio com a siderúrgica Térnium e o MAM, e ficará em cartaz até o dia 2 de fevereiro de 2020.
O projeto conta com curadoria de Franklin Espath Pedroso, e expografia do Coletivo Cria, composto por alunos do IED Rio.
Confira na íntegra o release da mostra e programe-se para conferir este trabalho lindo.
Por Franklin Espath Pedroso, outubro de 2019:
A transformação é inerente a todas as ações e coisas da vida. Tudo se transforma. Nada é permanente. Tudo está sempre em perpétua mutação, desde os seres vivos aos minerais e objetos inanimados, apenas ilusoriamente imutáveis. A vida é permanente evolução, transmutação, sublimação, da matéria-prima ao produto final, da criança ao adulto com o pleno domínio das suas potencialidades.
Foi com essa visão que propomos agora ao público uma referência ao processo de transformação de materiais brutos como o minério de ferro e o carvão em aço, que, entre milhares de outras utilizações, também pode se converter em obra de arte. E, como todos sabemos, nada transforma mais do que a arte. A arte transforma a vida e transforma o público, que por sua vez também transforma a obra de arte, que só adquire sua plena significação em virtude dessa interação com o espectador.
Para ilustrar esse caráter transformador da arte, selecionamos trabalhos de apenas três artistas. Três grandes nomes da história da arte brasileira com diferentes técnicas e resultados bastante distintos: Amilcar de Castro, Franz Weissmann e Waltercio Caldas.
Amilcar de Castro quase sempre utiliza placas densas e grossas de aço e simplesmente as dobra com tamanha suavidade como se fossem simples folhas de papel. Ele apenas faz incisões como se fossem linhas e dobra o aço. Com essas incisões cria os espaços vazios que às vezes o olho comum não é capaz de perceber em um primeiro instante. Faz isso em diferentes escalas e nas formas as mais diversas. Peças de grandes dimensões, suas obras pesam toneladas, mas apresentam uma primorosa combinação de força e leveza.
Franz Weissmann, por seu lado, costuma trabalhar com placas de aço mais finas, mas nem por isso com menor força. Só que ele corta e as une com solda. São milhares de combinações num grande jogo de encaixes e repetições. Weissmann foi um dos grandes nomes do projeto construtivo brasileiro e sua obra é uma referência para muitos. Com frequência ele emprega cores em suas obras. E quase sempre cores vivas, como vermelho, laranja, amarelo, azul. Ou, em outros casos, apenas o preto e até mesmo somente a fina camada de ferrugem do aço.
Já as obras de aço de Waltercio Caldas são sempre muito bem polidas e de grande precisão. Muitas vezes ele as combina com outros elementos que aparentemente são opostos ao aço: um simples fio de lã ou algodão ou até mesmo o vidro. Meticulosamente planejadas e executadas, suas obras expõem bem sua narrativa poética. São excepcionais, de pura harmonia e plenas de significados. Obras que espelham admiravelmente bem o conceito norteador desta mostra: força, precisão e leveza.
Vale lembrar que todas as obras aqui reunidas tiveram origem naqueles elementos brutos e primários que, submetidos à ação transformadora da ciência e da indústria, resultaram em um elemento chamado aço, ao qual cada um desses três artistas conferiu nova e diferente significação através de seus respectivos processos criativos. Nada é permanente; tudo se transforma. E mesmo o resultado desses processos está fadado a se transformar. Não somente física ou intelectualmente, como também conceitual e até mesmo espiritualmente. A única certeza permanente que a vida nos oferece é a de que tudo muda, tudo se transforma, sempre e sempre, contínua e interminavelmente.
Serviço:
IED SÃO PAULO
Rua Maranhão, 617
Higienópolis
01240-001
+55 11 3660 8000
IED RIO
Casa d’Italia
Av. Pres. Antônio Carlos, 40 - Centro
Rio de Janeiro - RJ
+55 11 97013-0882