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UX PARA MUITO ALéM DO DESIGN DIGITAL

UX para muito além do design digital

*por Leandro Velloso

Uma dúvida muito comum que tenho recebido de pessoas interessadas em se aprofundar na área do design se refere à real atuação do UX designer. O que faz esse profissional? O que seria o designer de interação? Fazer UX é desenhar telas para aplicativos e websites? UX é projeto gráfico para mídias digitais?

Bom, ao contrário do que pode parecer em um primeiro momento, o UX design não se ocupa de uma fatia de mercado no campo do design, nem se refere a uma especialização de projeto para atender a um tipo de demanda específica, mas de uma postura estratégica, e sobretudo ética, que pode ser adotada por qualquer designer, seja de produto, gráfico, moda, ambientes, interação etc.

O termo UX, tão em alta no mercado, se refere ao conceito de User Experience (Experiência do Usuário), que de fato, de certa forma, descende de metodologias de design de sistemas centrado no usuário, parte da engenharia de sistemas que se ocupa das camadas que fazem a interface entre humano e computador (HCI – Human Computer Interface). Contudo, não foi o uso dos computadores que primeiro demandou um olhar mais cuidadoso sobre a experiência do usuário por parte dos designers. Ainda que sem a utilização do termo UX, basta pensar na sensação de conforto que o design de mobiliário sempre tentou gerar para o cliente final, ou nas questões funcionais largamente pensadas pelos arquitetos para adequar as medidas da construção às do corpo humano (ergonomia, antropometria). Existem, por exemplo, padrões de altura, profundidade e quantidade ideais no desenho de degraus para que o usuário se canse o menos possível ao subir uma escada. Mesmo o layout da página de um livro – a proporção das letras, o comprimento das linhas, os espaçamentos – é fruto de anos de trabalho conjunto de inúmeros designers gráficos em busca de conforto para o leitor.  Pensar a experiência do usuário sempre foi papel do designer, mesmo que a busca fosse por uma experiência estética.

O que então o UX trouxe de novidade? Na minha opinião, um excelente reforço e refresco para todo o campo do design. Primeiro por ter ajudado a estabelecer fundamentos de atuação do designer no campo das mídias computacionais e novas tecnologias, e depois por gerar uma intensa pesquisa e enorme interesse sobre o projeto voltado ao humano, fazendo emergir um incontável número de ferramentas de trabalho e liberando o designer para que seja ainda mais interdisciplinar, buscando apoio de áreas como a psicologia e a antropologia. As metodologias de UX já são largamente usadas em áreas como o design de serviços e na gestão de empresas, mostrando que as medidas humanas vão além das medidas do corpo, se estendendo à questões cognitivas e éticas. O UX não presume apenas que o usuário utilizará um produto, mas que também será alterado por ele, o que requer do designer um profundo conhecimento empático e uma postura de respeito sobre as pessoas.

O termo UX foi criado por Don Norman no início da década de 90. Na época ele trabalhava na Apple, quando também criou um cargo para si próprio chamado “User Experience Architect”.


O livro “Arte de projetar em arquitetura”, conhecido também simplesmente como Neufert, é um enorme compêndio de referências ergonômicas para arquitetos e designers, publicado pela primeira vez na Alemanha em 1936 pelo arquiteto Ernst Neufert. Fonte da imagem: http://iedm.io/arte-de-projetar

 


Leandro Velloso é doutor em Design e Arquitetura, atua na área UX. É coordenador e professor da Pós-Graduação em Design de Interação do IED-SP.

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