Como forma de protesto contra o governo militar, o artista etíope radicado no Brasil, Alex Vallauri, foi responsável pelos primeiros grafites na cidade de São Paulo, em 1980, época em que a atividade era considerada crime pela legislação brasileira.
Um de seus primeiros desenhos no país, foi o “Boca com Alfinete”, uma referência à censura contra as artes e os meios de comunicação. As obras de Vallauri se tornaram referência para praticamente todos os artistas posteriores e a data de sua morte, 27 de março de 1987, virou o Dia do Grafite no Brasil.
Hoje, São Paulo possui diversos pontos e bairros onde o grafite e outros tipos de arte de rua podem ser apreciados e agora a fachada do IED São Paulo é um deles. A artista e grafiteira Mari Mats foi a responsável por dar uma nova cara ao edifício que abriga a sede paulista da faculdade. “Eu fiquei livre para criar. Os dois lados tiveram opiniões, a minha e a do IED, e a gente conseguiu chegar em um acordo bacana e bem positivo, com um resultado maravilhoso”, ela relembra.
Mats começou sua vida artística nas ruas em 2004, quando expressava-se e realizava intervenções urbanas por meio de cartazes do tipo lambe-lambes, mas era mesmo entre tintas e sprays que ela gostaria de estar. “Nessa época eu decidi começar a sair para a rua e pintar, mas não era muito bonito”, brinca. Além da parte visual, ela também expressa sua arte nas ondas sonoras, operando pick-ups como DJ desde 2008 em diversas festas.
Encontrar e identificar os trabalhos de Mats, que tem sido reconhecida como uma das grafiteiras e artistas plásticas mais promissoras dos últimos tempos, é fácil, suas obras são compostas por rostos formados por criaturas abstratas em cores fortes e contrastantes.
E foi assim que começou a relação dela com o IED, a partir do reconhecimento e encantamento do professor e coordenador do curso Automotive Design, Fernando Morita. “Eu sempre passo por um grafite da Mari Mats que tem no centro, já vi em bancas também, e como eu estava procurando algum grafiteiro que topasse esse projeto, eu a procurei”, explica Morita, contando que conversou com outros artistas, mas escolheu Mats pois achava que seu estilo combinava bem com a faculdade.
“Quando o Morita me contou a ideia, apresentou o projeto para o IED e todos abraçaram, eu fiquei insegura, com dúvidas se ia mesmo rolar”, revela a grafiteira, que buscou para esse trabalho seguir uma linha mais simples dentro do seu próprio estilo, mas com cores mais neutras e poucos personagens soltos em um universo de arte, design e futuro.
Esse foi o começo de uma parceria que ainda vai durar bem mais do que apenas a semana necessária para intervenção na nova fachada, Mats agora também irá somar como uma das alunas do IED São Paulo.